domingo, 17 de janeiro de 2016

Sobre paixão, cigarros e moedas.

Eu nem sabia tanto assim sobre Eros (deus da paixão), filho de Ares (deus da guerra) e de Afrodite (a deusa do amor). Eu tinha me esquecido de muita coisa que sabia também, talvez pela tremedeira nos joelhos, talvez pelo suor gelado, talvez pela euforia. Mas falarei sobre paixão.
Antes, farei o preludio: " Oh pedaço do que nunca parece ser meu! Aquilo que de tão distante às vezes assusta por estar perto, aquilo que me faz andar de lado, sorriso marcado pelo que ainda não veio e talvez nem venha. Mas de tão visceral parece pedaço meu, das minhas entranhas, estranhas inimigas do meu sossego! O que será você senão paixão?"
Quando feita a indagação: “ O que é paixão?” Os mais afoitos virão falar sobre um desejo que está acima de tudo e de todas as coisas que podem acontecer, distante da lógica e de qualquer forma de controle. Os mais românticos dirão que todo grande amor começa por ela, e que se não passarem por ela morrerão frios antes se possa perceber. Os mais racionais dirão que é possível que seja somente um efeito bioquímico (causado por substâncias como a Feniletilamina, a  Serotonina, a Dopamina e  a Norepinefrina). Os mais simples dirão que não existe explicação lógica mas não ignorarão nenhuma das explicações, nenhum dos sintomas.
Eu falaria, como menino escrevedor, dono de todos os meus ditos: A paixão é... Ela é algo tão difícil de explicar, vejamos: Se a presença dela te faz perceber que o mundo todo não importa mais, mesmo que os sonhos dela sejam tão diferentes dos seus. Mesmo que ela acredite em coisas tão diferentes das suas, mesmo sendo ela completamente diferente de tudo o que você imaginou. Se esta mesma presença te causa disritmia, euforia, caus. Ela é teu maior presente.
Não haverá um segundo sequer em que não pense, mesmo que não diga que seria melhor se ela grudasse na sua pele, te vestisse, te cobrisse e fosse contigo onde quer que seja. Não haveria nada melhor que se ela resolvesse roubar seu coração do bolso -onde você guarda empoeirado e cheio de medo que o toquem, e machuca você mesmo por medo que o machuquem - e levar com ela, pra surrar, pra cuidar e não devolver por nada nesse mundo. Melhor seria se ela cuidasse e judiasse do jeito dela, melhor seria se não fosse mais tão solitário esse seu sentir. Mas voltando a definir paixão:
Passaremos pelo amor: Ah, o amor! O amor não é assim amigo tão simples, meu amigo, e ele é uma criança um pouco mimada. Quando criança ele é paixão e às vezes nem cresce o suficiente para ser chamado de amor. Quando paixão ele tende a causar seus estragos, no corpo e na cabeça da gente. A paixão não é tão boazinha assim!
Mas se estive caminhando em busca de explicações para ela, foi de mãos nos bolsos, fim de tarde, um pouco intrigado com aquilo que eu nunca me privo de sentir. Bebi mais um gole daquele remédio (ou daquele veneno) que vinha me lavando a alma. Escrevi um outro texto sobre o que sentia ou já senti, arranquei o papel e guardei no bolso da camisa, junto com o coração, algumas moedas e cigarros, aquelas minhas palavras.
Eu era o mesmo menino escrevedor de sempre, apaixonado por cada incógnita que as minhas próprias palavras descreviam. Preso dentro de mim mesmo. Mas ainda desejava falar sobre paixão, e ainda desejava me apaixonar mais algumas vezes antes de morrer com aquela paz que um amor traz ao peito.
Eu era o mesmo menino escrevedor, às vezes despenteado, mãos nos bolsos do roupão, domingo à tarde, acordando após uma noite de porre ou de sono profundo. Eu era o mesmo menino desprendido de tudo o que o mundo oferecia mas ao mesmo tempo tão preso a tudo dentro de si, tudo o que sentia,  mas desejava que algumas das minhas paixões já não fossem mais as mesmas
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