terça-feira, 5 de julho de 2016

Proetizar, poematizar, problematizar.

Não há parâmetros para sistematizar a alma do poeta. Palavras exatas, quantidades, atitudes. É tudo tão problematizado, até quando não existem problemas.
Dentre suas coisas favoritas, sentir é seu maior vício, quando não sente inventa sentimentos, quando sente demais tenta neutralizá-los só pra provar a si mesmo que é seu próprio senhor.
O sorriso corriqueiro vez ou outra não é tão real, as palavras ditas no fim do dia nem sempre tão medidas. Desmedido o escrevedor faz da sua própria existência um tanto conturbada, por tudo aquilo que inventa ou que sente. Não faz sentido se ele não fizer assim.
Caminha no fim da tarde em algum lugar onde sabe, não vai encontrar o que procura, mas precisa provar a si mesmo o quão firmes ainda são seus passos e que eles o levarão a algum lugar - mesmo que seja pra dentro de si mesmo - no fundo é bem o que ele quer. Faz de sua vida o drama que não conseguiu escrever.
Seus amigos não entendem a necessidade de sua solidão, seus amores não entendem o propósito de todos os seus exageros gramaticais, as palavras ditas em demasia como em uma poema forte, o choro incontido, a verdade exposta nos olhos. Talvez por isso nenhum amor fique.
Complexo não conhece amores normais, corriqueiros, de dia a dia. Sempre são contos breves cheios daquilo que ele chama de poesia. A poesia quando demais também não garante que será feliz aquele amor, senão seria ele o menos solitário dos escrevedores.
Impressível se desfez de amores que poderiam ter sido eternos, se apegou ao que não tinha futuro, só pela intensidade, só pelo sentir.
Não venha me falar dos erros nas minhas escritas, elas não tem erros, são exatamente o que eu sinto. E é por isso que fim de tarde, prefiro eu as minhas palavras que o estudo da língua, as doutrinas os saberes.
Já me cansei do copo meio cheio, meio vazio, meio insensato. Na verdade não importam mais essas discussões. Escrevo a fim de que de minhas linhas eu invente um outro amor. só pra preencher o peito, mesmo que não preencha os braços.
Vai ver não é a lógica o seu maior forte, vai ver seja só o sentir mesmo. Sentir e escrever, escrever e chorar seus escritos, lavar a alma, botar pra fora, ser dono de si mesmo.

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