segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Tocar.

Não me leve tão assim, a sério! Nem eu me levaria, eu tenho andado meio trôpego, mas ainda sei sonhar! Eu durmo pouco, falo pouco quando acordo, falo demais quando bebo. E eu tenho bebido demais!
É que dentro dessa imensidão vazia dos meus dias, tudo parece meio alheio.
Eu ando meio alheio, com a cara no travesseiro perdido em pensamentos vãos. Não incomode meu silêncio com lamúrias. Mas me dê o prazer de sua companhia. Eu ainda gosto dela.
Entre as coisas que eu sei que ainda gosto, talvez, saber que posso tocar o intocável com meus pensamentos, fazer um mundo perfeito nos meus sonhos ainda seja meu passatempo favorito.
Cê nem sabe o que eu penso quando fecho os olhos no fim de mais um dia comum.
Eu poderia gastar todo meu tempo com teorias úteis. Extraterritorialidade, lei penal no tempo, crimes e suas penas.
Mas eu tenho inventado meu próprio crime.
Eu poderia ler inúmeras páginas de filosofia, antropologia, sociologia. Mas eu ando me concentrando em teorizar meu próprio mundo, uma espécie de universo paralelo. Verso e proza. Até falo sozinho às vezes.
Eu sou o mesmo escrevedor de sempre, cara de sono, manias esquisitas!
Não que eu seja um sociopata, eu só não gosto de muita gente, barulho e desordem demasiadamente confusos. Eu só gosto de algumas pessoas. Saber o nome delas, observar o que me faz suportar o enorme peso de conviver com histórias diferentes da minha e ainda me interessar por elas.
A quebra do meu silêncio me custa caro, e se eu deixo algumas pessoas o quebrarem algum motivo deve ter. Talvez somente empatia.
Olhe só, moça! O dia nasceu novamente e embora você não saiba, eu te deixaria quebrar o meu silêncio e também outras coisas que eu prezo demais. Mesmo que entre elas também esteja incluso o coração, que ocasionalmente pode ser por ti quebrado, sem medo. Você me faz ter uma coragem irracional!
Eu vivo aqui, entre meus pensamentos e poesias, o violão e alguma teoria vaga, cheia de camadas e vazios. Mas eu ainda me sinto bem com elas.
Dentro de mim nada é simples, eu sou o menino questionador que você não conhece por inteiro. Corajoso, insano, meticuloso.
Eu ainda consigo escrever coisas doces depois de mastigar a realidade nua. Eu ainda sei luz quando penso em ti.
Talvez eu não seja o melhor dos poetas, mas aquilo que escrevo é meu, é verdadeiro, é como uma janela que se abre pra dentro da minha alma. Mas, se queres visitar esse meu mundo, és a convidada mais esperada.
Eu te mostro no caminho os motivos de tantos quadros coloridos na minha sala de estar, de tantos desenhos coloridos, nas paredes do meu corpo. Que também é teu.

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