Perdido na multidão de todas as palavras que não disse, ele se sentou à mesa. As pessoas começaram a olhar de forma estranha, como se zombassem da sua forma desajeitada de se comportar.
Carregava uma tonelada de sentimentos estranhos a ele mesmo. Pediu mais um gole do veneno que paulatinamente o ajudava a viver. Morrendo a cada dia mais.
Sentiu no peito o coração bater descoordenado, olhou o bolso da camisa, e ele saltitava, quase que fora do peito. Sentiu que poderia ser o último suspiro, mas para seu azar ou falta da sorte, continuava a respirar.
Tanta dor, tanto amor, tanto medo e desatenção. Era só o passo largo, o relógio adiantado para não atrasar, as falsas certezas, as teorias vagas e os sentimentos escondidos no fundo de uma caixa empoeirada, no canto da sala de estar. A porta trancada, o coração entreaberto. Aspirava a morte sangrenta ou a violência do coração que se recusava a bater.
Não tinha mais nada que ele quisesse. Tudo já era dele, não tinha nada mais a esperar.
Tão duro quanto o sonho destruído não é sonhar.
Só queria ligar a tevê, se sentar ao canto do sofá. Tirar o volume e não ouvir mais nada, não saber mais nada. Só a luz e os movimentos para ter a ilusão de uma companhia. Talvez assim não se sinta tão só. Dormiu no sofá.
Acordou despenteado, fez o café. Fiquei para o jantar.
Ele mesmo, menino bobo. Sem mais nada para sonhar. O coração de novo, acelerado. Será dessa vez que ele irá parar? Será?
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