quarta-feira, 7 de maio de 2025

Sangue.

Desnorteado em meio aos meus não ditos, malditas armas que meu ser usa contra si próprio. Como última bala girando em roleta russa, que a qualquer hora pode disparar contra mim mesmo, matando o que ainda permanece ileso em mim. Tão pouco.

Eu caminhei até você, não questionei a hora nem o lugar. Só fui. Nu de todas as minhas manias e convicções. Eu sangrei como animal ferido que busca em um último sussurrar mostrar o que sente. Que ainda sente.

A tua pele nua e crua ardia, como que fogo que derrete a gente, como a forma mais legítima de sentir o que ainda havia em mim. Te trouxe pra mim como se pega o mundo, me afoguei entre as suas coxas como se fosse tudo o que eu ainda pudesse sentir. E era.

O que eu tinha em ti era diferente, como se me consumisse ao mesmo tempo em que me devorava, eu te tinha, mas não sabia por quanto tempo. Eu precisava que fosse o único, porque não sabia quanto tempo ainda havia para ter. Talvez pelo sussurro que eu ouvia na tua sorte, na minha morte, ou no teu prazer. Tudo já era a mesma coisa. E eu só queria você.

Pesei o meu corpo sobre o teu sem nenhum medo e te penetrei sem nenhuma cerimônia, como se aquilo fosse tudo o que eu queria a tinha. Como se fosse. Na verdade era.

O teu sussurro invadia a sala, como música nos meus ouvidos que sangravam, assim como a ferida aberta, a alma alerta e os espinhos que quase tocavam meus olhos. Doía e me transmutava. Eu me rendia e me trazia de volta. Como se eu pudesse de alguma forma conseguir sobreviver. Mas eu só consegui para sentir você mais uma vez.

Desnorteado entre os meus não ditos, eu não te disse nada, tomei pra mim o teu gozo e mesmo doendo, eu vivi mais uma vez.


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