Os dias passavam devagar naquele mês de dezembro, parecia fim de mundo, bem no fim de ano. Eu caminhava a passos trôpegos buscando silenciar os meus pensamentos sempre tão rápidos e confusos. Mas as palavras dela acamavam a minha alma, como um prelúdio de bons dias, em notas maiores e felizes. Como se ela estivesse logo ali, vestido floral e um sorriso enorme no rosto. Ela era um dia de sol.
Eu tinha perdido a noção do tempo, os dias eram escritos como em um enredo imprevisível, onde eu, tão certa do que fazia não sabia mais se era mocinha ou vilã da minha própria história. O nó na garganta, o caminhar cambaleante, a dor na alma. Mas tudo se desfazia frente a uma palavra dela, qualquer uma. Ela era tanta luz, que eu, se não estivesse sedenta poderia ficar cega.
Não me venha com dizeres da razão, eu não a tenho e nem faço questão de ter quando a olho nos olhos no final de um dia qualquer, ela é tudo o que eu quero sentir. Sentir e respirar, respirar e me manter viva.
Eu conheço meia dúzia de pessoas que amaram de tal forma, todas elas se juntaram aos ébrios e escreveram as melhores poesias que eu já li. E se for preciso eu me juntarei a eles, só para descrever o quanto ela me traz um sorriso largo e feliz no meio de qualquer caos. Eu me sento a mesa do inconsequentes, só para ver ela passar. E não me arrependo de nenhum gesto de amor que possa dar a ela.
Eu conheço outra meia dúzia de poetas que adorariam ter a amado, só para que suas linhas fossem mais cheias da intensidade que ela traz para os dias. Eu conheço mais um milhão de corações que amariam dormir com ela no peito pelo menos uma vez, só para sentir o que é estar vivo de verdade. Ela é tudo isso e mais um pouco. Eu sou só uma súdita do seu amor.
Os olhos dela, cada dia de uma cor me intrigam, e eu só vivo a vontade de estar com ela por mais tempo, descobrir o que cada cor quer me dizer. Descobrir cada tom do humor dela em silêncio, apenas olhando nos olhos e contemplando a beleza da infinitude do universo que existe dentro dela. Queria eu morar dentro dos olhos dela, nos pensamentos mais doces e carnais que ela pode me oferecer.
Os dias passavam devagar naqueles dias de dezembro, e eu, eu só queria morar nos olhos dela.
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