E todas as portas já haviam se fechado. As luzes se apagaram, a música tocava ao longe, não havia mais ninguém na sala de estar.
Ele lia os versos que um dia escreveu. Em outros dias já fora mais doce, mas nem sempre falou de amor. Ela havia sido diferente das outras, lhe ensinou sobre algumas leis do universo ( que ele hoje desacreditava), mas principalmente, lhe ensinou sobre a fragilidade disfarçada de força. Ela era a mulher mais frágil que ele um dia amou!
Acreditava ela que era uma rocha, que chorar seria fraqueza, que se por de frente com os sentimentos e os olhar nos olhos deveria ser evitado. Pobre menina! Há tanto a aprender!
Não que eu seja o poeta, dono das verdades sobre o coração. Eu definitivamente não sou.
Mas ela, ela também não é a mulher que acredita ser. No máximo uma menina, assustada no canto da sala no final da noite, ouvindo os passos da sorte, esperando a hora de ir dormir correndo, assim que ela passar. Mas escute bem, isso não é uma critica! Tem tantas outras coisas em que você é bem melhor que eu. E isso não é uma competição.
Eu tentei te pegar pela mão, caminhar junto falando baixinho sobre os alicerces do amor, sobre outros sentimentos também, mas principalmente sobre o amor. O dar e receber, o cuidar e ser cuidado. Eu tentei te falar também sobre o afago, o acolhimento. Ah, como eu tentei! E esse papo, embora parecesse que era sobre mim, era sobre você! Era sobre cultivar e criar, criar e manter, manter e preservar. Nunca foi sobre mim, porque eu sou o passageiro, mas se nunca aprender a cultivar, criar, manter e preservar, todos serão também passageiros para você!Nunca foi sobre mim!
Eu, meu ex amor! Vou amar novamente assim que o sol se por, vou doar e saber receber. Cultivar, criar, manter e preservar. Com meus passos firmes que nem sempre sabem onde vão, mas que sempre andam amando pelo caminho, armando o caminho, aprendendo com o caminho e dando de mim apenas o que eu tenho. E como eu já te disse certa feita, eu sou a gentileza e a doçura. Só não te contei que o meu sobrenome sempre foi amor.